segunda-feira, 5 de julho de 2010

Poda de árvores frutíferas

CONCEITO:
É o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal.

OBJETIVOS DA PODA
- controlar o vigor da planta;
- equilibrar a produção de ramos vegetativos com os ramos frutíferos;
- facilitar a entrada de luz e ar no interior da copa;
- suprimir ramos ladrões, doentes e improdutivos;
- facilitar os tratos culturais e a colheita;
- evitar a alternância de safras, garantindo produções regulares.

TIPOS DE PODA
a) De formação ou condução: proporciona à planta uma altura de tronco e estrutura de ramos adequados à produção de frutas, favorecendo a iluminação e arejamento com distribuição equilibrada de frutos. É realizada todos os anos por ocasião da dormência das plantas nos meses de inverno.
b)De frutificação: regula e melhora a frutificação, ou reduzindo o excesso de vegetação da planta ou reduzindo os ramos frutíferos o que evita a superprodução da planta, o que diminuiria a qualidade dos frutos e acarretaria a decadência rápida da planta.
c) De limpeza e arejamento: feita em todas as fruteiras a qualquer momento do ano, retirando-se ramos doentes, sombreados, com pragas ou mal formados. Realizada principalmente em plantas que não necessitam de poda de frutificação, citros, abacateiro e aceroleira.
d) Poda de rejuvenescimento: praticada quando é necessária a renovação total da copa de uma fruteira. Pode ocorrer em virtude de algum ataque muito intenso de cochonilhas, a planta está muito velha e com pouca produção ou a copa está muito alta.

GRAU DE IMPORTÂNCIA
Com relação à importância da poda em relação a espécie temos:
- Importância decisiva: videira, pessegueiro, nectarineira, quivizeiro e figueira;
- Importância relativa: pereira, macieira, ameixeira, maracujazeiro, goiabeira e caquizeiro;
- Menor importância: citros, abacateiro, mangueira e aceroleira.

ÉPOCA DA PODA
Basicamente pode ser executada em duas épocas. No inverno é chamada de poda em seco e recomendada para frutíferas que perdem as folhas (caducifólias), como pessegueiro, macieira, ameixeira, figueira. Os melhores meses do ano para executar esse trabalho são: maio, junho, julho e agosto pois as plantas estão no seu período de dormência. Por ocasião da poda de inverno, deve-se considerar as condições climáticas e o perigo de geadas tardias antes da operação. A poda deve ser iniciada pelas cultivares precoces, passando as de brotação normal e finalizando pelas tardias. Em regiões sujeitas a geadas tardias, deve-se atrasar o início da poda o máximo possível, até mesmo quando as plantas já apresentaram uma considerável brotação, normalmente as de ponteiros.

A poda verde ou de verão, por outro lado, é realizada quando a planta está vegetando e destina-se a arejar a copa, melhorar a insolação, a coloração dos frutos e diminuir a intensidade de cortes na poda de inverno. É também executada em plantas perenifólias (com folhas permanentes) como as cítricas, abacateiro, mangueira.
A poda verde consiste em diferentes operações, tais como:
- Desponte tem por finalidade frear o crescimento de determinados ramos em comprimento, de modo a propiciar o desenvolvimento de ramos inferiores.
- Desbrota é a supressão de brotos laterais improdutivos, ou seja brotos inúteis, que se desenvolvem à custa das reservas, em detrimento do florescimento e da frutificação.
- Esladroamento é a eliminação total dos ramos ladrões, esses ramos podem nascer do porta-enxerto ou diretamente do tronco, são vigorosos, retílineos e possuem crescimento vertical.
- Desfolha é a supressão das folhas com diversas finalidades: melhor iluminação e arejamento das flores ou dos frutos, eliminação de focos de doenças e pragas iniciadas na folhagem, é um recurso que melhora a coloração de frutos já que alguns necessitam de luz para adquirir coloração (pêra, maçã, ameixa e kiwi). Na videira esse procedimento deve ser cauteloso pois são as folhas próximas aos cachos as responsáveis pela qualidade dos frutos.
- Anelamento é a remoção de um anel de casca da base dos ramos novos que têm por finalidade interromper a descida da seiva e com isso a retenção próximo à sua gema ou ao seu fruto. Isso ocorre em especial com macieira e algumas videiras. Com um canivete, faz-se uma incisão anelar de 2 a 3 mm de profundidade abaixo da gema que deseja-se induzir a brotação.
- Desbaste é a supressão de certa quantidade de frutos de uma árvore, antes da maturação fisiológica destes, assim proporcionar melhor desenvolvimento aos frutos remanescentes. Dentre as finalidades do desbaste pode-se citar: melhorar a qualidade dos frutos (tamanho, cor, sabor e sanidade); evitar a quebra de ramos (superprodução); regularizar a produção e eliminar focos de pragas e doenças. O desbaste é feito à mão quando o fruto ainda se encontra em desenvolvimento inicial e não atingiu 2 cm de diâmetro.
- Desnetamento é uma poda verde aplicada às videiras, consiste em aparar com a unha, ou simplesmente arrancar, os ramos secundários que nascem lateralmente do ramo principal e que são chamados de netos.

Instrumentos para poda
Para uma poda de qualidade, é muito importante saber escolher os materiais específicos para cada tipo de poda. Entre os mais utilizados estão: serrotes, serras, podões, tesouras, etc. Um corte ideal e preciso, realizado de uma só vez, deve observar uma inclinação de 45 0 aproximadamente, no sentido oposto ao da gema mais próxima, o que evita o acúmulo de água, onde pode causar o apodrecimento do ramo e aparecimento de fungos. Cortes de espessura maior que 3,0 cm devem ser protegidos com pastas cicatrizantes à base de cobre. Na supressão de galhos grossos, feita naturalmente com o serrote, o corte deve ser bem rente à base do galho e bem inclinado.



TIPOS DE RAMOS
Nos ramos podem existir brotos vegetativos ou produtivos. Os ramos onde se encontram esses ramos produtivos são chamados de ramos especializados. Ramos especializados são ramos geralmente curtos e muitos deles denominados esporões, com as seguintes denominações:
- Dardos: são estruturas pequenas e pontiagudas, com entrenós muito curtos. Apresentam uma roseta de folhas na extremidade, sendo pouco maior que uma gema.
- Lamburda: ramo curto com nodosidades na base, sem gemas laterais, podendo terminar em gemas vegetativas ou floríferas (coroadas).
- Bolsa: parte curta, inchada, com enorme quantidade de substâncias nutritivas, que formam-se no ponto de união da fruta colhida com o ramo.
- Brindilas: são ramos finos, com diâmetro de 3 a 5mm e 20 cm de comprimento. Em sua ponta, podem apresentar um dardo, uma gema vegetativa ou floral.
- Botão floral: forma arredondada e destacada, em geral, apresenta um volume maior que as gemas vegetativas.





Plantas com ramos mistos
Além de frutificarem sobre os esporões, frutificam também sobre os ramos do ano anterior. Essas fruteiras possuem, consequentemente, crescimento vegetativo e produção de flores, já que os seus ramos possuem gemas vegetativas e floríferas. Ex.: ameixeira, pessegueiro.

Plantas com produção em ramos do ano
Frutificam em flores que surgem sobre os ramos da brotação nova. O ramo frutífero, ao invés de ser formado no inverno, aparece na primavera e floresce abundantemente. Ex.: Plantas cítricas, caquizeiro, figueira, goiabeira.

Artigo em continuação,

Adriane C. Baccaro
Engª Agrônoma
Boutin Campo e Jardim
(41) 3027-5133

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